A pouco mais de um mês estive em Brasília, Distrito Federal, saudar a querida pessoa do “eterno” Presidente Lula e contemplar a posse da 1ª mulher presidenta em nosso país. Que arquitetura linda, quês praças bonitas, que organização, pareceu que estava em outro país, não no Brasil. Imagina quanto dinheiro foi investido na cidade. Compreendi o título dado a Juscelino de “ Cinquenta em cinco ”.
No entanto, enquanto passeava nas ruas com amigos e amigas todos educadores e de repente pensávamos em como Brasília com toda sua beleza, simboliza a pobreza do Brasil. É como se Brasília tivesse sido construída para que os governantes se refugiassem da triste realidade, principalmente econômica da população brasileira.
Como uma cidade quase “perfeita” como Brasília demonstra essa idéia?
Se pararmos para refletir, uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), mostra que no Brasil existe cerca de 16 milhões de analfabetos. Para o MEC, apesar de não serem inéditos, os dados do "Mapa do Analfabetismo" são "alarmantes". Milhões de reais chegam todos os meses à Brasília para investimento em educação. O Ministério de Educação juntamente com a UNESCO, o Inep, o PNAD, as conferências internacionais, os conceitos, as teorias educacionais, tantos recursos, tantos programas que poderiam melhorar a qualidade da educação, parecem até que não são compreendidos, não pelos educadores que em muitos casos dão suas vidas para melhorarem a realidade de suas salas de aula, mas das instâncias políticas, a nível nacional, estadual e municipal, onde possivelmente as verbas quando chegam, chegam em menos da metade. Somos um dos países mais alto em relação ao índice do analfabetismo. E enquanto a educação estiver entrelaçada a política, as secretarias governamentais, valendo votos para sicrano e fulano, onde quem é contratado é por amizade e não por concurso, por competência, não será fácil a transformação desse modelo de educação
Daí, os discursos que o professor precisa melhorar, professora tem culpa “nisso”, gestores culpa “naquilo”, alunos culpa naquilo outro, pais são culpados “daquilo” (não que não tenhamos nossas parcelas de culpa). Ou então, simplesmente dizemos: “A culpa é do sistema”, quando o sistema é um conjunto que cada um de nós fazemos parte . Quase nunca reconhecemos e verbalizamos com clareza que a culpa é do governo, das instâncias federal, estadual e municipal.
Infelizmente, dinheiro em Brasília é para manter padrão de vida alto. Já viu ruas sem esquinas? Em Brasília não tem esquinas. Dinheiro em Brasília é para enricar lares já milionários, para aumentar 62% nos salários dos deputados e senadores e 132% o da nova presidenta eleita, o dinheiro de Brasília e de seus ministérios é para intensificar a desigualdade social aumentando em contradição com os governantes apenas R$ 30,00 do salário do trabalhador. Trabalhador este que constrói as escolas, os hospitais, homens e mulheres que limpam as escolas para os filhos dos senhores deputados, dos senhores senadores, dos trabalhadores, que limpam as ruas para manterem organizadas as ruas onde moram, que recolhem os lixos de suas casas, fazem suas comidas, lavam e passam suas roupas, cuidam das plantas das praças, fazem parte de suas vidas despercebidamente.
Saúde, Educação, Lazer, moradia, são direitos sim; da elite brasileira, muito bem representada pela cidade de Brasília sustentada por nós: os que não brincam de trabalhar.
Continuemos na luta companheiros e companheiras!
Sejamos anunciadores sim, mas denunciadores do que nos mata dia a dia.
Teresa Raquel Silva
Professora pedagoga, formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru. Funcionária pública da Prefeitura Municipal de Caruaru. Estudou na Escola de Fé e Política - Pe. Humberto Plummen. Integrante da Escola de Meditação. E Timoneira da Teia da Amizade