Comumente, se perguntarmos ao senso
comum quem foi Maria Madalena, dirão apenas que foi uma prostituta que Jesus
perdoou.
Maria Madalena, segundo a história
foi uma senhora casada com Amús, homem de posses da cidade de Magdala. Por não
ter tido filho, Amús achava que Madalena era estéril, quando na verdade era ele
quem não podia ter filhos. Acreditando na esterilidade da esposa, se divorcia
dela, deixando-a sem nada e ainda a amaldiçoa .
Maria para vingar-se de Amús, por
ter tido a dignidade ferida, deita-se com Romanus (chefe da guarda de Roma) que
a engravida e ao saber da notícia, bate em Maria e a fez prostituta de todo seu
comando.
Maria Madalena não escolheu ser
ferida e magoada por homens que tanto a maltrataram. Não escolheu sofrer. Não
nasceu mulher por escolha ou opção. Não pediu pra ser abusada sexualmente. Não
pediu pra ser cuspida.
Assim, lembro-me das muitas Marias
Madalenas que foram usurpadas, injustiçadas, cada uma de um modo particular,
diferentes modos, mas todas Marias.
Marias que foram forçadas a deixarem
seus filhos; Marias que tiveram arrancadas sua dignidade; que foram espancadas,
estupradas, que a sociedade elitista olha com diferença e as marginalizam.
Todas nós mulheres fomos, somos ou
seremos Maria Madalena, cada vez que morre uma mulher vítima de violência, cada
vez que arrancam-lhe o direito de ser mãe, cada vez que somos humilhadas,
xingadas por sermos mulheres.
Não, não nascemos mulheres por
escolha ou opção! Nascemos!
Por opção fica ser Maria Madalena
que não deixou que o que parecia “perdido” afundar seus sonhos. Por opção fica
nosso desejo de luta e de transformar a realidade. De denunciar nossos
agressores. Sim, nossos, pois toda vez que uma mulher é agredida, a mim também
agridem.
E não tenho medo não, nasci muito
mulher pra ser covarde! Se eu ver uma companheira sendo lesada em algum
direito, violentada, abusada, meto o facão imaginário que em minhas mãos existe
e meto na consciência do homem que ainda acredita que mulher é sexo frágil e
violenta sua dignidade se achando superior por ser homem.
Somos todas Marias Madalenas, “nem
santas, nem putas, apenas Mulheres!”
Teresa Raquel Silva
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