segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Escravidão em Caruaru: Histórias Negras Invisibilizadas.


Por: Teresa Raquel

Assim como toda a História do Brasil, que durante muitos e muitos anos, não conhecíamos nossos heróis e heroínas negras, pois o currículo oficial só nos contava uma história: a do branco, como ainda hoje rege o Eurocentrismo, Caruaru, não é diferente, nem está fora deste contexto.
Onde estão as histórias dos Negros e Negras que foram parte do processo de construção da nossa cidade? Quem são? O que construíram? O que fizeram de importante em nossa cidade? Afinal, tinha negros escravizados em nossa cidade? Onde encontramos esses dados, essas histórias, esses fatos?
A história nos conta que José Rodrigues de Jesus, foi o Fundador da Cidade de Caruaru, invisibilizaram apenas o detalhe que era um escravocrata, “possuía” mais de 200 escravos, onde eram “guardados” onde atualmente é o Palácio Episcopal.
Quando chega na Fazenda Caruru, casa-se com sua sobrinha de apenas 13 anos e inicia o povoamento e a fundação da Cidade com sua irmã caçula, Maria da Conceição Rodrigues de Jesus, sua esposa Maria do Rosário Nunes e Negros Escravizados.
Em 05 de outubro de 1782, para homenagear sua mãe que era devota de Nossa Senhora da Conceição e por sua irmã mais nova também ter o mesmo nome, “constrói” a capela Nossa Senhora da Conceição.
Mas, quem construiu mesmo esse prédio? (...)
A Colonialidade do saber abordada por QUIJANO (2005), comumente ditou de modo sistemático, as histórias que deveríamos conhecer, quais histórias deveriam ser escritas e quais delas estariam no currículo.
O eurocentrismo,[1] respondia a essa colonialidade e selecionava as mais “belas” histórias, onde “herois” e heroinas” chegavam da Europa e “salvava” o Brasil com suas “geniais” ideias.
Os protagonistas dessa história, contada pela visão do colonizador, eram sempre homens e mulheres de origem europeia e um saber monológico foi instaurado na sociedade e não tínhamos conhecimentos do outro lado da história, das outras histórias que não nos eram contadas.
Daí que surgem nossas indagações a essa história única que foi contada, considerando as múltiplas faces, identidades, etnias, nessa relação que sempre existiu entre as Américas, a África e a Europa.
Parte do Continente Africano foi trazido para o Brasil, através da escravização. O Brasil é o segundo país negro do mundo em número de população com descendentes de africanos, só perdendo para Nigéria, portanto, por que não conhecemos nossa história com os atores que tiveram participação na construção desse país, como os homens e mulheres negras que foram “arrancados” dos Reinos da África? Por que silenciaram as histórias de nossos antepassados negros? Por que não conhecemos outras versões da História do Brasil?  Por que nos livros didáticos não nos identificamos nas histórias? E em nossas regiões, em nossas histórias locais, conhecemos nossas origens? Fala-se sobre os negros que escravizados, foram protagonistas da construção das nossas cidades?
É partindo dessa premissa da necessidade de conhecer nossas origens, nossa história local, pois geralmente conhecemos mais a história geral que as regionais (relação do macro com o micro) que ficamos curiosos em conhecer partes silenciadas da nossa história, com pretensão em desenvolver pesquisa sobre fatos históricos dos negros que viviam escravizados na fazenda e (depois) Vila de Caruaru (atualmente cidade Polo do Agreste).
Rodrigues (1985), nos instiga para importância dessa pesquisa ao dizer que “a pesquisa histórica é a descoberta cuidadosa e exaustiva de novos fatos históricos, ou então a possibilidade de revelar novos aspectos de acontecimentos já estudados, mas também é a busca crítica da documentação que os fundamente empiricamente” (p.176).
Essas novas descobertas, novos aspectos da história dos negros escravizados na Cidade de Caruaru que queremos cuidadosamente, através da pesquisa documental (re)descobrir.
São poucas as histórias existentes na íntegra sobre os negros/as na cidade de Caruaru. Sabemos porém, que na transição de fazenda à Vila, vivíamos em período de escravização no Brasil (FERREIRA, 2001).
Além disso, existem registros como processos, crimes e inventários da época que muito nos revela sobre o assunto no LAPEH[3] da UFPE[4] , onde podemos perceber como foi numerosa a população negra escravizada de Caruaru, onde possivelmente serviram de mão-de-obra para construção de monumentos como as escadarias do Monte Bom Jesus, a Igreja da Conceição, fundada em 1848 ( 40 antes da abolição), ruas, curtumes e outros.
Ou seja, é possível que os negros escravizados da Vila de Caruaru, construíram muitas coisas que atualmente compõe nossa cidade, mesmo que as mesmas atualmente não estejam com mesmo formato arquitetônico, como é o caso da Igreja da Conceição, a qual foi reformada por algumas vezes.
Chegou a hora de encontrar e de visibilizar, de fazer valer essas outras versões da História!
            Este Mês da Consciência Negra, a Professora da Rede Municipal de Caruaru, Teresa Raquel Silva, fará exposição de seu mais novo estudo intitulado: Escravidão em Caruaru: Histórias Negras Invisibilizadas.
            A Mostra acontecerá na ACACCIL, FAFICA, Casa dos Artistas(Estação Ferroviária) e ficará itinerante nas Escolas Municipais de Caruaru.




[1] Entendemos enquanto modelo eurocêntrico, os paradigmas, as ideias da Europa como ideologia dominante. Tem como referência o modelo Europeu como sociedade ideal (REZK, 1998).

[2] Atualmente município brasileiro do estado de Pernambuco. Cidade mais populosa do interior do estado, está localizada na região do Agreste Pernambucano, e possuí 337 416 habitantes (IBGE/2013), sendo o quarto município mais populoso de Pernambuco, ficando atrás somente de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda, e o mais populoso fora da Região Metropolitana do Recife e do litoral estadual. Importante polo urbano, econômico, industrial, administrativo e cultural do estado, ostenta um Produto Interno Bruto (PIB) de 3 003 634 000,00 (IBGE/2010), sendo o 7° município com maior PIB de Pernambuco. Distante cerca de 130 km do Recife, Caruaru é conhecida internacionalmente por ser o maior centro de Artes figurativas da América Latina, titulo concedido pela UNESCO. Como nasceu de uma fazenda onde seu dono tinha vários escravos, Caruaru, foi cenário de grandes homens e mulheres africanos e afrodescendentes negros.

[3] Laboratório de Pesquisa e Ensino em História.

[4] Universidade Federal de Pernambuco







domingo, 9 de agosto de 2015

O Poder político dos injustos e uma breve reflexão a partir de Judas, Jesus e nós.




A traição de um homem pode ser a Salvação do outro! Judas ajudou de modo involuntário a cumprir-se o papel de Jesus aqui nesta passagem terrena!
Judas era um cumpridor das leis judaicas. Jesus era “transgressor” de todas as injustiças. Um dos maiores políticos de todos os tempos. Respeitava e considerava a figura da mulher que na época era muito reprimida, inspirados nas ideias que atualmente chamamos hoje de “Respeito às Relações de Gênero”.
Judas tinha uma energia diferente da de Jesus. Energia de guerra, ao mesmo tempo de medo diante da grandiosidade do poder romano, pois sabia que estaria sujeito a morte. Jesus na sua politização, reconhecia que esse poder de injustiça romano, seria abalado através de amor ao mais empobrecido, de justiça e igualdade econômica e social.
Judas e Jesus aprioristicamente, tinham uma relação de amizade, porém como as pessoas, Judas na sua diferença era o lado enigmático de Jesus. Judas não tinha medo de Jesus, tinha coragem de questionar Jesus e de um modo muito diferente, amava Jesus, no entanto, o poder econômico injusto, busca quem pode ser corrompido pelo valor pecuniar e foi assim que Judas se corrompeu, mas tamanho arrependimento se instalou em seu âmago, a ponto de que tomado pela angústia humana nossa, se arrepende e decide retirar sua própria vida, como preço a ser pago pelo gesto covarde ao amigo.
Judas reconhecia seus medos, seus limites. Nem todos nasceram com a coragem de Jesus. O dom sacro de Judas era diferente do que foi dado a Jesus.
Judas vivia em cima do muro... Dava conselhos a Jesus e dizia-lhe: “calma, o poder romano pode te matar!, Não se indispor é o melhor que podemos fazer!”
Mas Jesus não se acovardava, tinha um plano a cumprir, plano a favor de toda uma classe, de todo um povo e optava em não ficar em cima do muro: sabia o que queria, tinha um “lado”, o dos justos, dos empobrecidos.
Até hoje, nem todos o compreendem o processo doloroso, porém vitorioso da passagem da escravidão para a libertação...
As vezes, estamos num mesmo barco, mas cada um com ideais diferentes. Assim estava Judas, estava ao lado de Jesus, no “mesmo barco”, convivia com Jesus, pregava com Jesus, chegou a receber de Jesus autorização para fazer milagres: você também pode fazer!”, mas não entendia, Judas, o projeto maior: ele não era sozinho no mundo, individualista... Não vivemos sozinhos no mundo, vivemos em comunidade e precisamos ter objetivos comuns. Problemas pessoais, todos tem, ninguém tem o merecimento de ter problemas sozinhos, TODOS nós temos o merecimento de ter problemas e isso não nos faz ser intolerantes com os outros, ou tomar atitudes extremas, estúpidas, carrascas e impensadas. Mas algo maior nos convida a sentir a dimensão dos problemas que nos consome como um todo, de modo fomigerado.
Hoje, estamos num mesmo “barco”, empobrecidos, excluídos pela classe social que ocupamos, pelo racismo, pela intolerância, pela homofobia, pelo direito de sermos mulheres livres, pelos preconceitos covardes e cruéis que nos mata aos poucos.
O que inquieta é perceber que no lugar de nos unirmos para o enfrentamento, muitas vezes tratamos nossos irmãos de luta, que estão no mesmo barco que nós, como nossos inimigos por interesses pessoais, individuais.
Fico a refletir até que ponto somos Judas ou Jesus? Até que ponto somos Judas e Jesus(como o ing e o yang)? Procuramos agir de modo ético ou conveniente? De que de fato precisamos? O que nos faz feliz?
Sigamos apenas na reflexão e que nossas atitudes sejam sempre em nome do bem da humanidade, pois ser bom pra mim é bom demais, o desafio lançado é você ser bom pra os outros, inclusive pra os que nos trata como nossos inimigos!
Até!
Axé!
Amém!


Teresa Raquel Silva
Gente que tenta ser humana a cada dia, erro erro e erro, mas levanto e recomeço sempre.



As ideias do texto foram inspiradas nas leituras dos Evangelhos e culminaram com o filme Judas e Jesus.

sábado, 27 de junho de 2015

Reflexão sobre a Homossexualidade no EUA X Homossexualidade no Brasil.



 Em 12 de março de 2007, escolas britânicas introduziram contos infantis com temática gay para crianças entre quatro e 11 anos de idade, conforme matéria exibida no BBC Brasil.
“A iniciativa piloto foi criada para familiarizar as crianças com as relações homossexuais e adaptar o currículo a um conjunto de novas leis que entra em vigor em abril, conhecido como Ato de Igualdade, que visa reduzir desigualdades sociais e eliminar discriminação no país. Uma das fábulas, King & King (Rei e Rei), conta a história de um príncipe que rejeita três princesas antes de se apaixonar e se casar com o irmão de uma delas. Outro conto de fadas mostra uma menina com duas mães e há ainda uma história sobre a relação de dois pingüins machos em um zoológico de Nova York.” Relata a reportagem.
 Elizabeth Atinkson, da Universidade de Sunderland, em entrevista ao jornal Daily Mail, disse que “O objetivo é ajudar as escolas a atingirem seus requerimentos sob o Ato de Igualdade. Há muito pouco disponível no momento para permitir que eles atendam às necessidades de todos os alunos”.
Não se enganem quem acredita que não houve grande oposição a tal medida. Católicos, Evangélicos e os mais conservadores se opuseram a decisão, conforme podemos perceber na fala de Simon Calvert, do Instituto Cristão: “As previsões de que as novas leis resultariam na promoção ativa da homossexualidade nas escolas estão virando realidade”.
Ontem, 26 de Junho de 2015, os homossexuais dos EUA, conquistaram por fim, a legalização do casamento Gay. No entanto é interessante percebermos que desde 2007, já iniciava uma preparação em um dos aspectos mais importantes para evolução de uma sociedade: a Educação. A preocupação de que os “homofóbicos” são frutos de uma sociedade preconceituosa, machista, logo, educar nessa perspectiva de respeitar as diferenças é de suma importância.
Não temos ainda no Brasil, nas nossas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, reformulada pela ultima vez em 2013, nada específico sobre homossexualidade. Temos sim, na página 514, o início das Diretrizes em Direitos Humanos. Portanto, a base nacional não respalda a esfera nacional, tão pouco a municipal para este plano. O que não significa dizer que muitos estados e muitos municípios pela autonomia que tem, diante suas especificidades, flexibilizar seu currículo, porém, não esqueçamos que ainda somos(enquanto sociedade), racistas, machistas e homofóbicos.
E agora, cabe a quem esses “convites” de mudanças?
Mudanças essas que obrigatoriamente iniciaria em qual esfera: nacional, estadual ou municipal?
Penso que numa cidade primária como muitas que temos, localizada no agreste, algumas pessoas que detém o “poder legislativo”, não compreendem ainda a suma importância da escola está atenta a essas diferenças, no entanto, acredito que se o nacional faz uma emenda, o estadual assim, faria e obrigatoriamente o município faça.
Ora, se cobra hoje das escolas municipais se lembrar do negro e da sua cultura por que os Movimentos Negros do Brasil inteiro lutaram e conquistaram, então, gostando ou não, professores da rede(que como parte de uma sociedade racista, também assim, muitos são) terão que cumprir. É lei federal! Modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB).
Portanto, gente, precisamos lutar, precisamos ocupar os fóruns, precisamos ocupar conselhos, precisamos ocupar as ruas, com respeito e seriedade. Pois por aqui, as coisas não andam bem! O percentual de violência relativo as questões LGBTT não são pequenos, vemos jovens sendo espancados, mortos todos os dias por serem apenas diferentes.
É preciso preparar nossas crianças, nossos adolescentes, nossos idosos, nossas professoras, vereadores, pais e mães, enfim, toda uma sociedade para conceber o que é de direito: o Respeito às Diferenças.

Enquanto não se existe a reforma da Constituição brasileira vamos respeitá-la fazendo-a valer. Inclusive valer os direitos do diferente, daqueles que sempre foram inferiorizados por uma camada da sociedade que ainda hoje se sente superior, seja por questões raciais, sexuais, genêro e/ou pelo status ocupado na sociedade (classe).

Vamos fazer valer sim o inciso IV do artigo 3º da Constituição:

“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Sai da moda e vem pra luta, pra articulação, pra ocupação dos espaços!




Teresa Raquel Silva
Professora


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Lourdinha Troeira e o Instituto Musical Villa Lobos


Um dos grandes ícones da promoção de aprendizagem da música clássica e popular brasileira na Cidade de Caruaru, chama-se Lourdinha Andrade Troeira, famosa pela Escola de Musica Instituto Musical Villa Lobos.
Ex aluna e admiradora desta grande mulher, a qual mãe de três filhos: Tadeu, Karen e Kleber, dona Lourdinha (como é mais conhecida) agitou o palco do Auditório da antiga Rádio Difusora de Caruaru com suas famosas audições desde a década de 70. 
Grandes nomes da nossa cidade foram alunos da estimada professora de música, aprendendo a espalhar alegria pelo mundo através da expressão musical com Piano, Acordeon e o teclado, com a "modernidade".
Deleitemo-nos com algumas fotografias do Instituto Musical Villa Lobos e um pouco da história da nossa eterna Professora Lourdinha Troeira.



  Na foto acima vemos seus pais, João Andrade Sobrinho e Maria Augusta de Andrade. "Foram meus incentivadores nesse mundo da música. Compraram cedinho uma sanfona e um piano para que eu e minha irmã Gracinha Andrade", como podemos ver na foto abaixo, tocando o tango Sentimento Gaúcho em 1964.


Em 1970, Lourdinha recebeu troféu de 1º lugar das mãos do Juiz de Direito Dr. Plácido de Souza, pela composição da musica Valsa Triste, realizado pela professora Terezinha Barbalho (irmã do grandioso Nelson Barbalho). Neste mesmo concurso, recebeu ainda o troféu de 4º lugar pela música O Chorinho.




Da comissão julgadora do concurso faziam parte: Um coronel e a esposa (os quais não lembra o nome), Dr. Plácido Souza, Maestro Joaquim Augusto e Mariana Lima, conforme foto abaixo.


Muito dedicada aos filhos, dividindo o tempo com os afazeres da casa, cuidar dos filhos (desejando que eles seguissem seus passos em relação a música) e ensinar a dezenas de alunos o ofício da música. Nas audições, sempre estava ladeada pelos filhos e acompanhada de seu esposo, Júlio Troeira. Na foto abaixo, podemos ver a Audição do Instituto de 1978, onde tocou com sua filha Karen Andrade (na foto com apenas 4 anos) e seu filho, Tadeu Andrade.


Ladeada pelo esposo Júlio Troeira em Audição.







Em 1971, o Acordeon era a atração do momento!





  

 A beleza e a postura de Lourdinha era encantadora a todos que viam como aquela bela jovem dominava com tranquilidade e harmoniosamente o acordeon.



Recentemente, Lourdinha Andrade Troeira recebeu em sua Escola de Música pessoas que aprendem o ofício da música e contribuírem para a continuidade da arte musical, a exemplo de dona Graciete e de Geruza (Intérprete de Libras).


Entre estas alunas estão Dagmar, Marina e outra a qual não lembramos o nome.


Entre seus alunos estão Berinho do Acordeon, Teresa Raquel (esta que vos escreve), Rogaciano, Belkys Araújo de Menezes, Fabiana Florêncio, entre centenas que irão se reconhecer ao ler este trabalho e que se quiserem poderão solicitar inclusão do nome neste.Vejamos algumas fotografias mais atuais.

No aniversário de Lourdinha e do Instituto na ACACIL.
 

Em 1988, recebeu o título de Cidadã Caruaruense, onde dentre de algumas homenagens
recebidas pelo título, estava um diploma pelo Lions Clube por ser Lioness do referido 
Clube de Serviços.




Atualmente, Lourdinha Andrade Troeira, continua com seu Instituto e as aulas acontecem
em sua residência, na Rua Silvino Macedo, 206- Centro.
Todo ano presta homenagem por devoção a Santa Cecília, Padroeira dos Músicos e na 
ocasião realiza audição com atuais e ex-alunos.
Nomes como Paulo e Vandete Miranda, Dr. Leite, Fábio Cássio, vendo a homenagem feita pelo neto Lucas Andrade e a aluna Teresa Raquel em dia de seu aniversário e aniversário do Instituto em evento ocorrido na ACACIL.

A ex-aluna Teresa Raquel, recebendo seu Diploma pelas mãos de Lourdinha Troeira (esquerda) e sua filha Karen (direita)


Mais que nunca o Instituto Musical Villa Lobos vive e continua levando alegria, através da
música as famílias amantes da boa música no País de Caruaru.


Texto e pesquisa: Teresa Raquel Silva
Fonte: Acervo fotográfico da sra. Lourdinha Andrade Troeira.





quinta-feira, 23 de abril de 2015

Heroínas negras na história do Brasil


Na história do Brasil, conta-se muito pouco a respeito das mulheres negras. Na escola, são pouquíssimas as aulas que citem as grandes guerreiras e líderes quilombolas, ou que simplesmente mencionem a existência das mulheres negras para além da escravidão. Em um país em que a escravidão não é retratada como uma vergonha para a nação –  pelo contrário, ainda se insiste que a população negra não lutou contra esse quadro -, isso não é nenhuma surpresa.
Nós, brasileiros, passamos vários anos na escola aprendendo sobre todos os detalhes das vidas de Dom Pedro I e II, seus familiares, seus casos sexuais e viagens. Na televisão, os imperadores viram protagonistas de minisséries, enquanto os atores e atrizes negros são reduzidos a papéis de escravos sem profundidade. Grandes lutadores como Zumbi dos Palmares, Dragão do Mar e José Luiz Napoleão, são pouco mencionados. Aliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de tantas formas na luta contra a escravidão e nas conquistas sociais do Brasil, nem sequer são mencionadas.
Cordel sobre Dandara dos Palmares, líder quilombola e companheira de Zumbi.
Cordel sobre Dandara dos Palmares, líder quilombola e companheira de Zumbi.
O esquecimento das mulheres negras na história é algo que contribui para a vilipendiação da população negra. Por conta disso, as garotas negras crescem achando que não há boas referências intelectuais e de resistência nas quais possam se espelhar. Para descobrir seus referenciais, é preciso que se mergulhe em uma pesquisa individual, muitas vezes solitária, juntando peças de um enorme quebra-cabeça para no fim descobrir que pouquíssimo foi registrado a respeito de mulheres como Dandara dos Palmares ou  Tereza de Benguela – importantes líderes quilombolas.
Devido ao machismo, é muito difícil encontrar registros da história das mulheres, especialmente aqueles que sejam contados de forma aprofundada e responsável. Ainda hoje, poucas mulheres, mesmo entre as brancas ou europeias, são citadas e celebradas por suas conquistas. No entanto, quando essas mulheres são negras, a negligência é ainda maior. Em um país onde mais de 50% da população é negra, a situação desse quadro é absurda.
Mesmo com os esforços racistas para apagar a história das mulheres negras, racismo nenhum será capaz de enterrar a memória de ícones como Luísa Mahin e Tia Simoa. Mulheres negras inteligentes, com grande capacidade estratégica, imensa coragem e ímpeto de transformação, que jamais se conformaram ou se dobraram diante do racismo e da misoginia; pelo contrário, lutaram e deram suas vidas para que mulheres negras como eu pudessem viver em liberdade e escrever, ocupando espaços que, ainda hoje, nos são de difícil acesso.
Infelizmente, tive que descobrir essas guerreiras por conta própria, contando com a ajuda de outras mulheres negras, companheiras de luta, que me apresentaram textos e materiais onde suas vidas foram contadas, ainda que brevemente. Por isso, decidi utilizar minha produção literária, meus cordéis, para contar as histórias dessas mulheres e fazer com que mais pessoas tomassem conhecimento de suas batalhas e do quanto são importantes para a história do Brasil. Até o momento, tenho vários cordéis biográficos que contam as trajetórias de Aqualtune e Carolina Maria de Jesus, além de outras já citadas nesse texto.
Nosso papel é fazer com que essas mulheres negras sejam conhecidas e seus feitos sejam estudados. Seja por meio do cordel, das redes sociais ou de trabalhos acadêmicos, precisamos registrar e divulgar essas memórias. Com elas, provamos que a população negra sempre lutou por seus direitos, provamos que as mulheres negras sempre foram protagonistas dos movimentos negro e de mulheres e que nunca se omitiram ou saíram das trincheiras. Afinal, essas mulheres são espelhos e exemplos do que todas as meninas e jovens negras podem ser. 
– Para conhecer meus cordéis biográficos e feministas, visite: www.jaridarraes.com/cordel
Leia a matéria completa em: Heroínas negras na história do Brasil - Geledés 
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Créditos: Geledés.

Hoje na História, 23 de abril de 1897, nascia Pixinguinha

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Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973), foi um flautista, saxofonista, compositor e arranjador brasileiro.
No estúdio da Rádio Mayrink Veiga, 1932, o jovem Manuel de Nóbrega, aos 19 anos (2º em pé da esq para dir) Carmen e Aurora Miranda (sentadas) segurando a flauta Pixinguinha.
Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
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Músico, instrumentista, cantor e compositor brasileiro nascido no bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro, famoso autor de chorinhos na história da música popular brasileira. Aos 12 anos de idade fez sua estréia como músico profissional em uma casa de chopp da Lapa, denominada A Concha. Pouco depois foi tocar na orquestra do Teatro Rio Branco, dirigida pelo célebre maestro Paulino Sacramento. Apesar de um menino no meio daqueles profissionais saiu-se bem. Sua estréia se deu na peça Chegou Neves onde ele ainda tocava de calças curtas. Fez sua primeira gravação foi na Favorite Record (1911) com a música São João debaixo d’água. Nesta gravadora ficou por três anos e passou a integrar o Grupo do Caxangá (1913), conjunto organizado por João Pernambuco, de inspiração nordestina, tanto no repertório, como na indumentária, onde cada integrante do conjunto adotava para si um codinome sertanejo.
O grupo se tornou o grande sucesso musical do carnaval (1914), com o tango Dominante (1914) teve sua primeira composição gravada, disco Odeon (1915), com interpretação do Bloco dos parafusos. Neste ano começou a fazer suas primeiras orquestrações para cinemas, teatros, circos etc. Começou a gravar na Odeon e o seu primeiro disco seria Morro da favela (1917), um maxixe, e Morro do Pinto, outro maxixe. Registrou vários discos com músicas de sua autoria, e alguns em que atuou apenas como intérprete. Destacaram-se neste início as gravações do tango Sofres porque queres (1917) e a valsa Rosa (1917).
Seu grande sucesso popular aconteceria com o samba Já te digo (1919), composto com China, lançado pelo Grupo de Caxangá. Constituíu o conjunto Os Oito Batutas (1919) para sonorizar os cinemas. O grupo tornou-se uma atração à parte, maior até que os próprios filmes e o povo aglomerava-se na calçada só para ouvi-los. Conquistaram rapidamente a fama de melhor conjunto típico da música brasileira, empreendendo excursões por São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. Embarcaram para Paris, custeados por Arnaldo Guinle, por sugestão do dançarino Duque, divulgador do maxixe no exterior (1922), estreando em meados de fevereiro no Dancing Sherazade e a temporada prevista para apenas um mês, prolongou-se até o final do mês de julho, quando retornaram ao Brasil para participarem das comemorações do centenário da Independência do Brasil. Gravou na Parlophon os choros Lamento e Carinhoso (1922) e no ano seguinte embarcaram para uma temporada na Argentina, onde gravaram treze músicas. Porém divergências entre os integrantes do grupo durante a permanência em terras portenhas, levaram a dissolução do grupo brasileiro.
No Brasil o extraordinário músico brasileiro continuou fazendo sucesso e casou-se (1927) com Albertina da Rocha, a D. Betty, então estrela da Companhia Negra de Revista. Fundou o grupo Jazz-Band Os Batutas (1928). Organizou e integrou como flautista, arranjador e regente o Grupo da Velha Guarda (1932), conjunto que reuniu alguns dos maiores instrumentistas brasileiros da época e realizou inúmeras gravações na Victor, acompanhando também grandes cantores como Carmen Miranda, Sílvio Caldas, Mário Reis entre outros. Organizou também na Victor a orquestra Diabos do Céu (1932). Diplomou-se em teoria musical no Instituto Nacional de Música (1933). Foi nomeado para o cargo de Fiscal de Limpeza Pública (1933), e adotou uma criança (1935), Alfredo da Rocha Vianna Neto, o Alfredinho. Deu parceria a Benedito Lacerda para vários dos seus choros (1946) e gravaram juntos os seguintes discos nos anos seguintes. Foi homenageado pelo prefeito Negrão de Lima com a inauguração da Rua Pixinguinha, no bairro de Olaria, onde morava (1956).
Recebeu o Prêmio da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1958), diploma concedido ao melhor arranjador pelo Correio da Manhã e pela Biblioteca Nacional. Durante sua vida, recebeu cerca de 40 troféus. Sofreu uma segunda crise cardíaca (1958), contornada pelos médicos. Seis anos depois sofreu um enfarte (1964), tendo sido internado no Instituto de Cardiologia. Pelo período de dois anos, afastou-se das atividades artísticas. Foi um dos primeiros a registrar depoimento para a posteridade no Museu da Imagem e do Som (1966). Obteve grande repercussão na imprensa e que seria depois reproduzido no livro As vozes desassombradas do Museu (1969).
Recebeu a Ordem de Comendador do Clube de Jazz e Bossa (1967), o Diploma da Ordem do Mérito do Trabalho, conferido pelo Presidente da República e o 5º lugar no II Festival Internacional da Canção, onde concorreu com o choro Fala baixinho (1964), feito em parceria com Hermínio B. de Carvalho. D. Betty, sua companheira por mais de 40 anos, foi internada com problemas cardíacos no Hospital do IASERJ, hospital onde também ele seria internado horas depois. D. Betty nunca soube que seu marido estava também doente. Aos domingos, na hora da visita, ele trocava o pijama pelo terno e subia mais alguns andares para ver a esposa. Ela morreu no dia 07 de junho, sem saber do que acontecia com o marido.
Faleceu vitimado por problemas cardíacos durante a cerimônia de batismo de Rodrigo Otávio, filho de seu amigo Euclides de Souza Lima, realizada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Outros grandes sucessos seus foram Os Oito Batutas (1919), Segure ele (1929), Gavião calçudo (1929), Página de dor (1930), A vida é um buraco (1930), Carnavá tá aí (1930), Patrão prenda o seu gado (1931), Samba de fato (1932), Naquele tempo (1934), Yaô (1938), Os cinco companheiros (1942), Chorei (1942), Cochichando (1944), Ingênuo (1946), Ainda me recordo (1946), Proezas de Solon (1946), Seresteiro (1946), Um a zero (1946), Vou vivendo (1946) e Mundo melhor (1966).


Leia a matéria completa em: Hoje na História, 23 de abril de 1897, nascia Pixinguinha - Geledés 
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook. Créditos ao Geledés.