quinta-feira, 29 de março de 2012

Águas do IPOJUCA, O RIO E A SUA BACIA HIDROGRÁFICA


“As águas são os espelhos do mundo”, assim dizia o famoso pintor Monet. E com todo razão!
Quer conhecer uma cidade, saber se ela é bem cuidada ou se as pessoas vivem bem? Então olhe para as suas águas!
Vejamos o caso do rio Ipojuca.
Os rios são como nós mesmos, têm nascimento ou nascente, começam pequenos fazendo seus caminhos, seu curso de vida, e deságuam em águas maiores, a exemplo do MAR, de onde vieram na forma de chuva. Tudo é um recomeço!
Os rios são como as veias do nosso corpo, só que o corpo dos rios é as bacias hidrográficas. Conjunto de águas de uma região que correm para um rio principal. Assim é a bacia hidrográfica do rio Ipojuca. Rio principal que lhe dá o nome. Nasce no município de Arcoverde, na Serra do Pau d’arco, aproximadamente a 900 m de altitude, percorrendo cerca de 323 km.
Passa, ou estão no seu caminho, 9 cidades pernambucanas (Sanharó, Tacaimbó, São Caetano, Caruaru, Bezerros, Gravatá, Primavera, Escada e Ipojuca), mas muitas das suas águas se originam nos demais 15 municípios que fazem parte oficialmente de sua bacia hidrográfica (Arcoverde, Pesqueira, Venturosa, Alagoinha, Poção, São Bento do Una, Belo Jardim, Cachoeirinha, Altinho, Riacho das Almas, Sairé, Amaraji, Chã Grande, Pombos e Vitória de
Santo Antão).
Começa no sertão, passando pelo agreste e zona da mata, desaguando no oceano atlântico, litoral sul pernambucano, no município de Ipojuca, região metropolitana do Recife. Participa assim de 3 Regiões Fisiográficas, de 4 Mesorregiões, de 4 Regiões de Desenvolvimento e de 5 Microrregiões de Pernambuco. Unidade de Planejamento Hídrico – UP3 com área superficial de
3.433,58 km2 segunda maior bacia hidrográfica em extensão do Estado.
O recorte de geologia confere a bacia do rio Ipojuca cerca de 97% da área representada por rochas cristalinas e cristalofiliadas do tipo Pré-Cambriano, sendo os 3% restantes territorial com depósitos aluviais recentes, seguidos de reduzidos afloramentos da formação Cabo, compreendendo arenitos com matriz argilosa, além de vulcanitos (como registra o neck
vulcânico existente no município de Ipojuca). Este perfil territorial da Bacia Hidrográfica do rio Ipojuca é revelador, em grande medida, dos tipos de atividades desenvolvidas e das combinações de seus usos. No seu caminho compõe paisagens vegetais naturais das mais variadas como a Caatinga, a Mata Atlântica, Vegetação Costeira e de Mangue. Poucas são as áreas ainda preservadas ou destinadas para a conservação como a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Pedra do Cachorro em São Caitano, Parque Municipal João Vasconcelos Sobrinho (Caruaru) e Parque Municipal Pedra do Urubu (Primavera).
Suas águas se prestam aos mais diversificados fins. Na Pecuária (mata a sede dos animais), na agricultura (irriga as plantações), no consumo humano por meio das mais variadas finalidades.
Foi identificado como o 3º rio mais poluído do Brasil (IBGE, 2005), uma realidade de grandes contrastes entre a degradação que ocorre especialmente nas cidades, bem como a beleza de cenários naturais fabulosos como a Cachoeira do Urubu no município de Primavera.
Seu nome tem origem em idioma indígena, significando ÁGUAS TURVAS. Porém hoje poderia se dizer - ÁGUAS SUJAS.
Tem esgoto não tratado, agrotóxicos, resíduos industriais e até dos matadouros. Usinas jogam os seus restos e a população desavisada joga tudo mais o que não presta.
Alguns ainda pescam e outras lavam roupa, crianças ainda brincam às suas margens, imaginem
quanto risco!
Constroem nas suas margens, por necessidade ou ambição, retirando a vegetação natural chamada de Mata Ciliar, que são como os cílios em nossos olhos têm a função de proteger.
O rio Ipojuca fez e faz a história social e econômica de Pernambuco. Na sua foz está o Porto de Suape onde entra e sai tanta riqueza, mais uma vez contrastando com o descaso da falta de cuidado da sociedade em geral, especialmente dos poderes públicos. Os aspectos sócio-ambientais mais expressivos apresentam cenários de desafios que limitam o aproveitamento do potencial existente para o seu desenvolvimento, e ainda com problemas relacionados aos recursos hídricos: insuficiente produção de água tratada, elevadas perdas e grandes desperdícios ao sistema de abastecimento público que não acompanham o crescimento das cidades; precário
atendimento do sistema de esgotamento sanitário, com baixa cobertura especialmente
nas pequenas cidades e quase total ausência na zona rural; deficientes serviços de limpeza urbana; problemas de drenagem provocados pela ocupação inadequada do solo urbano; poluição hídrica acentuada dos mananciais provocada por lançamentos de dejetos e efluentes industriais; ausência de manejo adequado dos reservatórios.
Tanta riqueza de nada adianta, quando não é a seca que castiga, vem a cheia e tudo arrebenta. A sua maior enchente ocorreu no mês de fevereiro de 2004.
Associa-se aos problemas acima referidos, as questões a seguir, relacionadas com os recursos hídricos: precária qualidade de grande parte das águas superficiais, em razão da ocorrência de manchas de solos com potencial para salinização das águas e da operação deficiente dos reservatórios; pequenas possibilidades de irrigação, pela ausência de manchas expressivas de solos irrigáveis que justifiquem a irrigação em larga escala.
Muito felizmente existem pessoas que lembram que o rio já foi limpo e que a sua bacia hidrográfica era um lugar de realização. Estas pessoas acreditam na possibilidade de sempre se fazer algo.
Um dos maiores desafios é fazer retornar às condições SAUDÁVEIS destes AMBIENTES.
João Domingos Pinheiro Filho – Professor e Mestre em Gestão e Políticas Ambientais
Caruaru, 21-05-2011

Um comentário:

  1. Amemos o texto, nós do Blog Portal Novo Olhar tivemos o prazer de ler um belo texto de informação e conscientização em se tratando de um tema tão pouco abordado mas que de valor imensurável para todos nós. Parabéns ao Blog Educação, Política e Vida.

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